Fazer primeiro. Pensar Depois.

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É muito comum a gente, antes de fazer qualquer coisa, primeiro dar uma consultada na internet pra ver se estamos indo no caminho certo. Ok, isso é legal, ajuda a te dar um norte, mas acontece que nossa mente, a partir desse momento, entra numa espécie de processo.

É o seguinte: você aprendeu as técnicas, sabe o passo a passo de X ou Y e quer fazer tudo certinho, porque assim as chances de dar certo aumentam.

Ok, tudo bem querer saber da técnica, saber o caminho das pedras, saber o certo das coisas. Minha questão não gira em torno disso.

Meu ponto é outro, e vem acompanhado de uma vírgula, porque, de certa forma, é um rompimento do que está certo, do que está estabelecido previamente.

No processo criativo, ou de qualquer atividade que você queira realizar na vida, a gente precisa se desligar um pouco dessa pretensão de seguir tudo certo, de fazer as coisas como está escrito no manual. Quebrar regras pra ver no que pode acontecer.

Não estou querendo dizer para não ser ético ou corrupto. Isso é outra questão. Estou querendo dizer que, por mais que existam técnicas e caminhos para se chegar lá, nada substitui a sua personalidade, o seu jeitinho de ser, todo seu, com suas rugas e tropeços.

A gente pensa demais e acaba fazendo de menos. Luiz Gasparetto já disse que a cabeça é um aparelho só para captar o mundo, as informações do mundo, da sociedade, das coisas. A cabeça, porém, pode, e deve, ser educada, de modo a você não absorver toda tranqueira que assola mundo afora.

Inclusive, é na cabeça que reside o medo, a insegurança, as ideias catastróficas e negativas que te prendem, te seguram, te aprisionam, e que você acumulou ao longo da vida. Elas se manifestam em comportamentos e pensamentos. É um processo consciente e inconsciente.

Não vou encher esse artigo de links e comprovações científicas, números, dados de tal universidade. Não vou encher de embasamentos quaisquer.

Aqui é somente um toque, uma dica, um passe pra quem está por aí com medo de fazer as coisas, com medo de se atirar na vida e no risco, com medo de cagar. Cagar é coisa que todo mundo faz.

Não pense que a princesa da Inglaterra senta no trono diferente de você, nem que passa o papel higiênico de um modo “Real”. Ela vai sentar, dar descarga e limpar o forrobodó do mesmo jeito que todo mundo, a não ser que algum empregado vá limpar o túnel pra ela, mas o ziriguidum é igual ao seu.

Assim, está com medo de falar, de fazer suas coisas, de criar, de ser estranho? Desencane. Saia dessa prisão confortável que você mesmo está construindo pra si.

Eu odeio quando sou tímido, odeio quando não faço as coisas por qualquer receio, qualquer temor. Ser prudente e cauteloso é bom e necessário. Mas se for demais, melhor não fazer. Quando deixei de ter medo de falar as coisas, até que o povo olhou estranho, mas minha vida mudou da água pro vinho.

Estudo inglês em Dublin, Irlanda. Aqui, tem dias que ver aula é pé no saco mesmo. As horas às vezes se arrastam. Mas no Brasil, alguns amigos mais próximos sabem que não penso muito antes de falar e que as pérolas reinam na minha boca. No início, na Europa, fiquei um pouco medroso, mas depois que entrei no clima daqui, fudeu.

Comecei a soltar as palavras durante a aula e o mais inusitado aconteceu. O povo começou a gostar, começou a rir do que eu falava, coisas que pra mim eram comuns, pros outros fugiam do óbvio.

Resultado, peguei onda nisso tudo e me arrisquei no 1º Concurso de Stand up Comedy de Dublin.

Fiz um texto contando as merdas que passei por aqui, aprovaram e me chamaram pra participar de um concurso, inédito na cidade.

Treinei, trabalhei duro. Chamei a galera e, pra minha surpresa, muita gente compareceu à apresentação, espontaneamente. Resultado: consegui o 2o lugar. A vencedora recebeu o título mais que merecido, super talentosa, e ficamos amigos. Foi um divisor de águas.

Na hora da apresentação, fiquei nervoso pra cacete, esqueci o texto e tudo, mas fui em frente. Foi um divisor de águas na minha vida, e desde então eu me dedico prazerosamente a escrever e pensar comédia, uma paixão na minha vida.

Deixa esse excesso de zelo em casa, faz as coisas que você ama e deixa o povo pensar no que quiser. O povo vai pensar coisas absurdas sobre você, quer faça ou não. Arranca essa etiqueta da cabeça e faz o que teu coração manda.

Sim, coração, essa é uma bússola que não falha. Não estou dizendo pra sair por aí fazendo merda. Desequilíbrio emocional não tem nada a ver com seguir o coração, o pulso da alma, essa voz que deve guiar a gente ao longo da vida. Cala a cabeça, escuta lá dentro.

Você vai errar, mas vai errar gostoso, vai errar feliz da vida.

E vai acertar também, muito, muito mais do que errar.

Pensa menos.

Segue tua alma.

E faz.

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