Falar de Viena é falar de música, como eu já mencionei. É falar de Mozart, de música erudita sendo naturalmente e diariamente consumida em várias partes da cidade. Música clássica na Áustria, ao menos eu tive essa impressão, é algo muito mais natural, normal, simples, e não um mundo restrito a poucos eruditos, intelectuais, ou mesmo às elites.
A poucos dias de ir embora, fiz questão de ir a uma ópera, um espetáculo que jamais imaginava poder ver na vida, e que em Viena é possível ver pagando muito menos, em um super teatro, com uma estrutura gigantesca e opulenta, cercado de glamour e ostentação.
Mas atenção, os preços mais baratos (eu paguei 15 euros) são para quem não faz questão de assistir a um espetáculo sentado e quer fortalecer os músculos das pernas durante quase duas horas… como eu já uso bicicleta e sou adepto de andar muito, optei pela classe econômica, claro. Ficamos lá no cafundó do Wiener Staatsoper (Viena Operahouse), mas deu pra ver a ópera numa boa, com uma tela com a tradução em inglês, espanhol e outros idiomas (menos o português…).
Não foi uma ópera tradicional, pelo contrário: o espetáculo falava sobre crianças mortas, a dor desse luto, o universo infantil em decadência… uma verdadeira tragédia, mas com muitos efeitos, luzes, um vasto elenco, muitas cores, e bastante ritmado. No início a linguagem desse estilo de peça teatral é bastante estranho, confuso, desafiador, com letras muito poéticas e de difícil compreensão, muita simbologia.
É preciso ter uma atenção persistente, e depois de uns 20, 25 minutos, já estamos mergulhados naquele mundo de cânticos lúgubres, muito, muito, muito drama (põe as novelas brasileiras e mexicanas no chinelo, em termo de lágrimas e lamentos), e alguma dose de ação e dança. Depois de 90 minutos de espetáculo, ainda houve tempo de tirar umas fotos, um pouco de glamour e alegria nessa vida de pobre proletário também faz parte, né?