Em agosto de 2017, eu cheguei em Dublin, capital da Irlanda, conhecida como ilha verde-esmeralda. Era outono e lembro até hoje do cheiro da cidade, do vento frio e das folhas secas espalhadas pelo chão. O céu era uma coisa absurda, com cores se misturando o tempo todo.
Vivi lá até setembro de 2019. Um país que respira cultura, música e História. Fui como qualquer rapaz latino-americano sem família influente e rica: juntei uma grana à custa de muito trabalho, renúncias de consumo, e paguei um intercâmbio.
Antes de viajar, trabalhava como jornalista. Nesse contexto, a crise econômica e política do Brasil, somada a alguns projetos que não andavam bem das pernas e a minha própria vontade de voar do meu quadrado e conhecer o desconhecido foram determinantes para decidir migrar.
Fui como um simples estudante de inglês, com direito a visto de 8 meses, renovável por duas vezes, sem passaporte ou cidadania europeia. Sempre tive o sonho de morar um tempo fora do Brasil e a Irlanda foi o caminho mais viável.
Ainda que tivesse a chance de ter escolhido outro país, a Irlanda já me pertencia, com sua tradição celta, a cantora Enya (sou fã!), seu lado bucólico. Desembarquei por lá e vivi a experiência mais incrível e transformadora da minha vida. Vivi entre estudantes, a maioria brasileiros. Passei por diversas casas, sofri bons perrengues.
Dormia em beliches, dividia tudo: privacidade, sonhos, dificuldades e alegrias. Trabalhei em diversos empregos: garçom, motorista de carroça, cuidador de idosos, vendedor, barista, bartender, catador de copos, figurante de filmes e comerciais, até ator e humorista… a lista se perde.
E é essa Irlanda, abrasileirada, marcada pela latinidade, que devolveu minha inspiração e energia para escrever e, principalmente, criar, criar e criar. A criatividade e as artes ressurgiram em mim, antes adormecidas por medos, inseguranças, pressões mercadológicas, econômicas e psicológicas.
Lá eu descobri o prazer da mudança, antes um monstro horroroso, depois um horizonte mágico, cheio de aventuras e possibilidades. As artes cênicas e literárias encontraram um terreno fértil na minha cabeça e decidi investir meu tempo e minha energia nelas.
Fiz teatro e apresentações de stand up comedy, além de fotografia, poesia e contos; aprendi a escrever roteiros, li muito, vi muita ficção e vivi na pele histórias e situações engraçadas e absurdas. Ganhei também olheiras, rugas, longos fios brancos e uma cabeleira de espadachim (ou de Pepeu Gomes. Já me chamaram também de Beiçola, d’A Grande Família.).
Mergulhei no artesanato da palavra ficcional. Tudo veio junto. Quando meu período de intercambista já estava a caminho do fim, eu queria escrever algo relativo à Irlanda como uma forma de deixar uma marca através da literatura e rememorar todo esse percurso caminhado. Não sabia o que, exatamente.
Comecei dois romances, mas não terminei. Eu já lia contos há um bom tempo e me apaixonei por uma coletânea de contos de escritores africanos que encontrei na biblioteca pública da cidade, dentro de um shopping center (e quase sempre lotada!).
Foi aí que surgiu a ideia de escrever narrativas simples, mas diversificadas, com pano de fundo a Dublin que me acolheu e me devolveu o fogo criativo para a arte.
Nasceram então os Contos Mágicos de Dublin – uma homenagem à minha primeira experiência morando fora dessa tal “zona de conforto”, em terras além do Pacífico.
Humor, Drama, Mistério e Aventura, com um toque especial de brasilidade. Pra ler numa sentada só.
Boa leitura!
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